Nascida na capital do Pará, ela começou a carreira em Salvador onde morou durante três meses nos anos 1970
Muita gente ainda não sabe que a cantora Fafá de Belém, uma das maiores artistas da MPB, tem uma forte ligação com a Bahia. Foi em Salvador, pelas mãos do produtor e amigo Roberto Santana, que ela começou sua carreira na capital baiana e veio a estourar em todo o Brasil com a música “Filho da Bahia” do compositor Walter Queiroz.
O Baú do Marrom foi atrás dessa história e conversou com a cantora que não cansou de elogiar nossa terra, lembrar do carinho que recebe quando está aqui, de como foi sua temporada baiana nos anos 1970 - morando na casa do saudoso Djalma Correia (ex-percussionista da banda de Gilberto Gil) -, da sensação que teve ao desembarcar no Aeroporto de Salvador e ficar encantada com o bambuzal. Revelou sua admiração por Daniela Mercury, que conheceu quando a Rainha do Axé estava iniciando a carreira; falou de sua experiência em subir e cantar num trio elétrico e revelou que está querendo trazer para Salvador o show no qual comemora os 50 anos de carreira.
*BAÚ DO MARROM - Você tem uma ligação muito forte com a Bahia. Como foi que isso aconteceu?*
FAFÁ DE BELÉM - Eu nunca tinha vindo à Bahia. Eu sou uma menina nascida em Belém, depois vínhamos para São Paulo na infância por causa de uma doença da minha mãe. Voltamos para Belém e depois moramos no Rio e voltamos para Belém. Isso era o que eu conhecia de Brasil. Belém e interior de SP, de carro com meus irmãos, meu pai. Um dia, Roberto Santana estava atrás de um compositor, ele estava fazendo uma pré-produção para Vinícius e Toquinho, mas ele era um olheiro da gravadora Poligram, que era Philips e Polidor. Ele tinha encontrado várias pessoas. E encontrou muitas outras depois, também. E aí ele estava atrás de um compositor, de um músico. E disseram que tinha uma garotada todo dia tocando violão em um lugar “x”. E a gente era isso, saia da escola e ia tocar violão até umas 07h da noite. Foi aí que conheci Roberto Santana, eu tinha 16 anos e ele me convidou para ser cantora. Eu disse que não, mas durante 2 anos isso ficou matutando na minha cabeça e ele conversou com meu pai, até que eu fui para a Bahia e aí fiquei absolutamente fascinada.
Minha relação com a Bahia começa quando eu aterrisso no aeroporto e passo por aquele bambuzal. É um negócio tão forte e aí depois o mar da Bahia, embora eu tenha vivido no Rio, eu nunca tinha visto um mar daqueles. E a partir da daí, eu iria passar 3 semanas, e passei 3 meses, morando na casa de Djalma Correia.