Sábado de Aleluia é o dia que antecede a Páscoa. Na tradição cristã, é um momento de silêncio e espera. Jesus está sepultado, e os fiéis aguardam com fé e esperança a sua ressurreição, que será celebrada no domingo. É também um dia marcado por manifestações populares em várias partes do Brasil, como o famoso “malhação de Judas" — um boneco que simboliza a traição e é espancado ou queimado como forma de catarse coletiva.
Já hoje, 19 de abril, é também o Dia dos Povos Indígenas, data que reconhece e valoriza a importância das culturas, línguas, saberes e lutas dos povos originários do Brasil. É um momento de respeito, memória e resistência, lembrando que antes de qualquer colonização, este território já era habitado por centenas de etnias com modos de vida próprios e uma relação profunda com a natureza.
Unir essas duas datas convida a uma reflexão maior: sobre fé, sobre justiça, e sobre a necessidade de preservar nossas raízes e respeitar todas as formas de vida e cultura. É um dia de reverência - tanto ao sagrado da fé quanto ao sagrado da terra e das tradições ancestrais.
Enquanto o mundo cristão aguarda o milagre da vida nova, nós também celebramos algo sagrado e ancestral:
o Dia dos Povos Originários
Hoje lembramos que antes do sino das igrejas,
havia o som dos maracás, antes das preces em latim, os cantos que ecoavam pela mata, em línguas que dançavam com o vento e a sabedoria da terra.
É tempo de reconhecer.
É tempo de respeitar.
A fé que resiste no altar e no tronco da árvore,
na Palavra e no silêncio da floresta.
Que este sábado nos ensine a aguardar com humildade, a recomeçar com esperança e a honrar quem sempre esteve aqui, plantando vida, cultura e identidade.
Porque ressuscitar
também é isso: dar lugar ao que foi apagado, dar voz ao que foi silenciado, e celebrar o que é eterno na alma do Brasil.
— Doinha Prata.